sexta-feira, 16 de março de 2012

Dos EUA à China, da Zona Euro à Suíça

       Todas elas trazem um cunho de factor de mercado, com maior ou menor importância, com maior ou menor poder de tranquilizar ou criar turbulência. A preocupação com o crescimento económico, com a saúde financeira dos estados e com a determinação das políticas monetária e cambial seguidas são comuns e são essenciais na formação de sentimentos directores nos mercados financeiros.
        Na reunião do seu comité monetário, a Reserva Federal norte-americana decidiu manter a taxa de juro de referência inalterada, confirmando que os juros irão continuar em níveis excepcionalmente baixos até 2014.
        Actualmente, a taxa de fed funds encontra-se balizada entre zero e 0.25%, correspondendo ao valor mais baixo de sempre nos EUA. Relativamente à situação económica, a Fed indicou uma expansão moderada da economia (deixou de usar a palavra modesta), com o mercado de trabalho a melhorar e a taxa de desemprego a descer de forma significativa, embora permaneça elevada (8.3%, contudo, tanto em Janeiro como em Fevereiro foram criados mais de 200 mil novos empregos).
        Contudo, realçou a existência de riscos consideráveis à volta do crescimento. No comunicado divulgado após a reunião, a Fed referiu ainda que continuam a aumentar o consumo das famílias e o investimento das empresas, enquanto que o sector imobiliário permanece deprimido.


        Também na recente reunião do comité monetário do BCE não foi decidido alterar o nível das taxas de juro, embora existisse alguma expectativa quanto ao que pudesse ser decidido. Contudo, depois da autoridade central ter injectado 530 mil milhões de euros a 3 anos (valor superior ao valor de Dezembro de 489 mil milhões) reforçou-se consideravelmente a tendência de descida das taxas Euribor nas várias maturidades, o que esvaziou o interesse numa nova descida dos juros de referência por parte do BCE.
Entretanto, o banco central reviu em baixa o intervalo de crescimento do PIB para este ano, agora entre uma contracção de 0.5% e uma expansão de 0.3%. Por outro lado, para a inflação foi feita uma revisão em alta, estando agora o intervalo compreendido entre 2.1% e 2.7%, bem acima do objectivo de 2%, considerado o nível de estabilidade desejado.
        O Presidente Mário Draghi esclareceu que a autoridade monetária está atenta aos riscos de inflação na Zona Euro, mas considerou que, para já, eles não se manifestam porque a actividade económica está a estabilizar, embora a um nível baixo. Por fim, o BCE aconselhou os governos a fazerem progressos ao nível da consolidação orçamental e da recapitalização dos bancos.
         Entretanto, foi divulgada a inflação na Zona Euro em Fevereiro. A taxa homóloga permaneceu, pelo terceiro mês consecutivo, nos 2.7%. A variação mensal foi de 0.5%, recolocando os possíveis receios de pressões inflacionistas na região, apesar da actual situação de recessão económica. Em Portugal, a taxa de inflação harmonizada subiu de 3.4%, verificado em Janeiro, para 3.6% em Fevereiro. Este valor corresponde à terceira taxa mais elevada entre os países do euro, reflectindo sobretudo os efeitos do agravamento da fiscalidade.
         Na China, as preocupações com o abrandamento da actividade económica estão a levar os maiores bancos chineses a aliviar as restrições ao crédito, dadas as concessões de novos financiamentos terem registado o nível mais baixo dos últimos quatro anos. A diminuição dos depósitos por parte das famílias tem também inibido a banca de emprestar mais dinheiro, pois os bancos chineses obedecem a um rácio de transformação de 63%.
         Agora pretende-se a diminuição desse rácio, permitindo maior uso dos depósitos no financiamento da economia. Do lado do crescimento económico foi confirmado pelo governo um abrandamento, sendo esperado um valor anual de 7.5% para 2012, depois dos 9.2% de 2011 e os 10.4% de 2010. A inflação deverá, do mesmo modo, vir a cair. Para já, em Fevereiro, os preços ao consumidor subiram 3.2% em relação ao mesmo período do ano passado, depois dos 4.5% de Janeiro. Os preços no produtor não sofreram alterações e regista-se uma queda acentuada dos preços dos alimentos (-6.2% em relação a Fevereiro de 2011).
        A produção industrial e as vendas a retalho estão mais fracas, embora mostrem taxas de crescimento homólogo que excedem em muito os ritmos observados nos países desenvolvidos (11.4% e 14.7%, respectivamente). Também os agregados monetários estão a aumentar a um ritmo mais lento. Este cenário poderá dar margem de manobra às autoridades no alívio futuro da política monetária, embora subsistam as pressões de subida na inflação subjacente (a pressão salarial interna e a escalada do preço do petróleo não ajudam).
        Outra tendência, mas a necessitar de confirmação ao longo dos próximos meses, é a diminuição das exportações chinesas. De facto, os números avançados para Janeiro e Fevereiro mostram sinais de desaceleração das exportações, que culminaram no défice comercial de Fevereiro, embora se deva descontar alguma sazonalidade, habitual com a mudança do ano chinês. Assim, a China registou um défice comercial de 31.5 mil milhões de dólares em Fevereiro (o maior desde 1989), depois do superávite de 27.3 mil milhões de dólares em Janeiro.

        Esta evolução denota deterioração clara da competitividade dos produtos chineses a que não é alheio o aumento dos custos de produção, nomeadamente ao nível dos salários. Perante esta situação, deverá abrandar o ritmo de apreciação sistemática do yuan, exigida nos últimos anos pelos principais parceiros comerciais da China (os EUA lideram o grupo de pressão).
        Analisando a evolução do USD/CNY no último ano, confirma-se que houve uma apreciação de 4% para, presentemente, se assistir a uma estabilização ligeiramente acima de 6.30. Neste contexto, o governador do banco central chinês fez recentemente um discurso onde defendeu um câmbio do yuan mais flexível (sem os actuais controlos de variação diária), de acordo com a procura e oferta de moeda no mercado.
        Na Suíça, as preocupações das autoridades focam-se igualmente no valor do franco suíço e da necessidade do banco central helvético intervir. Depois de ter sido rejeitada no Parlamento a proposta de limitar as actuações do banco central em matéria de câmbio da moeda (recorde-se que desde Setembro de 2011, o SNB tenta manter o EUR/CHF fixo em 1.20), a autoridade monetária confirmou na sua última reunião que continuará a fazer intervenções no mercado cambial de forma a condicionar as constantes pressões de apreciação do CHF, sentidas com o decorrer da crise do euro.
        Com efeito, o banco central helvético considera fundamental para a estabilização da economia manter a cotação do franco suíço face ao euro próximo de 1.20. Relativamente à taxa de juro da Libor do franco a 3 meses, foi decidido manter o intervalo 0-0.25%, mas foi deixada cair a referência de que a taxa deverá situar-se próximo de zero. Simultaneamente, a estimativa de crescimento para 2012 foi revista em alta para 1% (anteriormente era previsto 0.5%). Ainda assim, os riscos mantêm-se elevados, dada a permanência de um cenário de elevada incerteza a nível global.
        Entretanto, a Alemanha aprovou no Parlamento Federal a participação no futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) que disporá de um fundo de garantia de 500 mil milhões de euros e que substituirá, em Julho, o actual fundo de resgate (FEEF) e, a agência Fitch, na sua mais recente análise, colocou o Reino Unido sob perspectiva negativa, ameaçando cortar a notação "AAA" devido aos níveis elevados de dívida, à capacidade limitada para enfrentar choques económicos e à fraca recuperação da economia.
       Em Espanha, dado significativo relativo à banca foi o facto de os pedidos de empréstimo ao BCE terem alcançado um valor máximo recorde em Fevereiro. Com efeito, o valor foi de 152.4 mil milhões de euros, que compara com os 133.2 mil milhões pedidos em Janeiro, e corresponde a cerca de metade do montante global emprestado aos bancos da Zona Euro (322 mil milhões de euros).
       Perante os factores enunciados, os mercados bolsistas norte-americanos mostram interesses compradores acrescidos, liderando o ambiente financeiro mais positivo. Os respectivos índices encontram-se em patamares máximos (o NASDAQ registou mesmo o valor recorde de sempre, acima dos 3000 pontos), prestes a anular a crise bolsista de 2008.
       Na Europa, o DAX alemão destaca-se dos restantes índices, que têm um registo mais contido. Este retorno aos activos de maior risco levaram a uma ligeira fuga da taxa fixa e provocaram queda dos preços e subida das respectivas yields, que teimavam em permanecer em patamares mínimos. Neste cenário, o dólar mostra-se mais forte em relação às moedas rivais, destacando-se o movimento de apreciação dos últimos dias face ao iene e ao euro.



sexta-feira, 9 de março de 2012

Desmantelada rede que vendia "pacotes de legalização" de imigrantes por 3000 euros




 O Ministério Público acusou onze arguidos de envolvimento na organização de uma rede transnacional de auxilio à imigração ilegal e falsificação de documentos, que vendia "pacotes de legalização" por 3000 euros.


Desmantelada rede que vendia "pacotes de legalização" de imigrantes por 3000 euros


     De acordo com informação disponível no site do Procuradoria Geral Distrital de Lisboa, a maioria dos serviços desenvolvidos por esta rede era dirigida a cidadãos egípcios que estavam em situação ilegal em Portugal.
     "Os arguidos vendiam documentação forjada em 'pacotes de legalização' a cidadãos estrangeiros em situação irregular em território nacional, com o intuito de reunirem os documentos necessários para a sua regularização junto do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras)", lê-se na página da procuradoria.
     A rede trabalhava sob a "fachada" de uma suposta empresa de construção civil, segundo informação avançada pela acusação.
     Os arguidos conseguiam toda a documentação necessária à legalização, designadamente junto das finanças e segurança social, através da apresentação de supostos contratos de trabalho em nome da empresa acusada.
     Os "pacotes de legalização" eram "vendidos" por cerca de três mil euros a imigrantes egípcios em situação irregular em Portugal e na Europa.



                                                            Retirado de: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Seguranca/Interior.aspx?content_id=2340418

Centros de emprego chamam desempregados com mais de 45 anos

       Desempregados com mais de 45 anos e beneficiários com mais de seis meses de subsídio vão ser chamados aos centros de emprego, nos próximos três meses, para reforçar "o retorno ao mercado de trabalho"
Centros de emprego chamam desempregados com mais de 45 anos
       
       Estas medidas constam do Programa de Relançamento do Serviço Público de Emprego, aprovado em Conselho de Ministros e publicado, esta sexta-feira, no Diário da República, e integram-se num eixo mais abrangente que visa "articular medidas ativas e passivas de emprego".
       O Governo pretende também diminuir as fraudes, recorrendo a entrevistas acompanhadas, e vai permitir conjugar parcialmente o subsídio de desemprego com determinadas ofertas de emprego a tempo inteiro.
       O programa contempla oito eixos para acelerar a contratação e formação de desempregados, estabelecendo como meta um aumento de 3.000 colocações mensais até 2013 e a captação de mais 2.500 ofertas de trabalho por mês.
       Prevê ainda a criação de um gestor de carreira que vai "assegurar um acompanhamento próximo e contínuo" a um determinado número de desempregados.