sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Portugal precisa do BCE para evitar destino grego

Portugal pode seguir o caminho da Grécia e precisar de reestruturar a dívida se o BCE não comprar títulos de dívida pública


         "O problema português é um problema de pânico e medo e tem de ser travado", afirmou o economista e professor da Universidade Católica de Lovaina, Paul De Grawe, numa entrevista à Bloomberg. "Só o BCE o pode fazer", acrescentou.
          Os juros pedidos pelos investidores para comprarem títulos de dívida portuguesa a dez anos, atingiram, esta semana, os 17,393%, um valor recorde desde a adesão ao euro, refletindo os receios de que Portugal tenha de renegociar a dívida, à semelhança da Grécia, apesar das tentativas de tranquilização do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
        "Se continuarem assim, então é 100% certo que Portugal vai entrar em bancarrota, repetindo a situação grega", salientou De Grawe, que é também conselheiro económico do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
         O economista belga adiantou que Portugal está em melhor situação do que a Grécia, mas pode ser empurrado para a insolvência pelos mercados.
         De Grawe assinalou que os decisores políticos devem comprar mais dívida pública em vez de confiar essa missão, indiretamente, aos bancos.
        O BCE aliviou a tensão em dezembro emprestando aos bancos 489 mil milhões de euros para serem pagos a três anos.
        "Fico satisfeito por o terem feito, indiretamente, através dos bancos, porque se isso não acontecesse seria um desastre, mas seria mais eficaz se o tivessem feito diretamente", comentou.
        "O BCE é um bombeiro, conseguiu extinguir parte do incêndio com Espanha e Itália, mas agora o fogo português ameaça alastrar a todo o lado", disse De Grawe.
Portugal, que foi o terceiro país da zona euro a pedir ajuda financeira à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional, pretende regressar aos mercados em 2013, mas, se não o conseguir fazer devido a fatores externos, Passo Coelho afirmou que o FMI e a UE vão continuar a "apoiar o programa".



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