A Irlanda será o único país da zona euro sob intervenção da
União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) que não vai terminar o
ano em recessão. Para 2011, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) prevê já uma retoma do crescimento económico, para 1,2% do
PIB.
As perspectivas económicas de longo prazo da economia
irlandesa parecem para a instituição mais favoráveis do que o projectado em
Maio e mesmo face às previsões negativas esperadas para outros países também
afectadas pela crise das dívidas na zona euro (alguns em profunda recessão).
Num relatório apresentado hoje em Dublin, a OCDE revê em
alta as projecções de crescimento da economia irlandesa, quando há cinco meses
apontava para uma estagnação económica no final deste ano. Em 2012, a economia
vai abrandar, mas manter-se em crescimento, de 1% do PIB.
O défice público deve ficar em 10% este ano, “antes de uma
trajectória de redução nos anos seguintes”, prevê a organização com base nas
medidas que o Governo está a implementar – e que a OCDE elogia –no quadro do
programa de ajustamento financeiro acordado com a Comissão Europeia, o FMI e o
Banco Central Europeu em Novembro do ano passado como contrapartida ao
empréstimo de 85 mil milhões de euros.
“Estão a ser realizados bons progressos para cortar o défice
orçamental, mas é preciso fazer mais”, defende. O objectivo do défice para 2015
é de 3% – o limite inscrito no Pacto de Estabilidade e Crescimento para os
países da zona euro. Segundo prevê a OCDE, em 2012, o défice irlandês estará
ainda nos 8,6% e, no seguinte, em 6,5%.
A economia irlandesa estava em recessão desde 2008, “depois
de uma década de forte crescimento” que chegou a colocar o país entre os quatro
com maiores crescimentos económicos per capita entre os Estados-membros da
OCDE.
Para a instituição liderada por Angel Gurría, há três eixos
em que o Governo se deve concentrar para potenciar áreas estruturais da
economia e, assim, “aumentar as probabilidades de sucesso” económico: promover
um ambiente que incentive o investimento empresarial, flexibilizar o mercado de
trabalho e qualificar a mão-de-obra.
“Se o crescimento económico continuar, a Irlanda deverá
enfrentar uma redução do défice mais rapidamente do que consta do programa [de
ajustamento], o que ajudará a sua credibilidade nos mercados financeiros
[actualmente fechados para as economias em dificuldade na zona euro]”, referiu
em comunicado Robert Ford, director-adjunto da divisão de estudos da OCDE sobre
a economia irlandesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário