A emigração de jovens quadros portugueses
representa «uma perda momentânea» para Portugal, considerou o ministro Miguel
Relvas, em entrevista ao semanário angolano O País, publicada na edição de
hoje, na véspera da visita oficial de quatro dias a Angola.
«Representam sempre uma perda momentânea para o país de origem pois é
'inteligência' que está ao serviço de outras economias. É nossa motivação tudo
fazer para criar as condições para que essa juventude e esses quadros possam
regressar tão breve quanto possível», disse.
Miguel Relvas chega no sábado a Luanda para uma visita oficial de quatro
dias a Angola, que se inicia na segunda-feira.
Instado a comentar o aumento do número de jovens quadros portugueses que
optaram pela emigração, designadamente para Angola, Miguel Relvas opinou que se
trata de «movimentos ditados pelas conjunturas económicas e sociais».
Quanto à migração angolana para Portugal, o ministro defendeu que se trata
de uma situação «perfeitamente estabilizada e consolidada numa demonstração de
adaptação e aceitação», frisando que «um português é angolano em Angola e um
angolano é um português em Portugal».
Relativamente à visita a Angola, salientou que o enfoque será nas áreas que
tutela, e manifestou-se esperançado em que o impacto (da deslocação) «vá muito
para além delas e constitua mais um testemunho inequívoco do fortalecimento das
relações entre dois países que se respeitam».
Face ao nível dos investimentos angolanos em Portugal, na banca, energia e
agora também na comunicação social, Miguel Relvas considerou que uma «relação
saudável entre duas economias pressupõe uma reciprocidade e uma vontade
explícita de incentivar essas trocas de investimentos, sinal que ambos os
tecidos empresariais sentem interesse e utilidade nessa colaboração».
«Logo, ninguém pode estranhar que tal se verifique e o contrário é que
seria estranho», acrescentou.
Quanto ao facto de em Portugal se falar em parceria estratégica com Angola
e neste país se acentuar a cooperação com Portugal, Miguel Relvas defende que
se trata de uma «questão semântica».
«O que podemos constatar é um incremento cada vez maior de interacção entre
os dois Estados e entre as respectivas sociedades civis (...) O que importa é
encontrar os caminhos de cooperação que sejam úteis aos dois povos e em áreas
cujo património linguístico facilite e onde ambos os Estados vejam vantagem
nessa integração no espaço mais alargado do mercado Atlântico Sul no qual o
português surge como verdadeiro instrumento económico», frisou.
Miguel Relvas, nascido em Lisboa, em 1961, viveu no Dundo, província
angolana da Lunda Norte até aos 13 anos, e instado a dizer que memórias guarda
desse período destacou os «espaços imensos» e a «tranquilidade da região».
O semanário O País faz parte do Medianova, o maior grupo privado de
comunicação social de Angola, com quem a agência Lusa vai assinar na próxima
quinta-feira um acordo de cooperação e de intercâmbio de conteúdos.